A criança sentada num dos bancos do shopping, observava.
A moça, carregava uma bolsa daquelas grandes, cor nude, com zíperes e fivelas, a bolsa combinava com o cinto, que casava com o sapato, que harmonizava com a blusa, e a calça...e os acessórios.
A moça, sentou próximo à criança. Mexeu nos cabelos, retirou um espelho da bolsa. Retocou o batom, reforçou o rímel, ajeitou a franja, deu uns tapinhas na bochecha para aparentar saúde...
Tirou uma revista da bolsa e começou a folhear, de um lado ao outro.
'Deve estar esperando alguém'-pensou a criança.
E continuou a encarar a moça. Praticamente sem piscar. Imaginando, quão interessante devia ser sua vida. Seus amigos, seu trabalho.
A moça cruzou as pernas. A criança também.
A moça mexeu de novo nos cabelos, e a menina também.
A criança decidiu que seria assim quando crescesse. Exalaria essa confiança. Esse glamour tão próprio de pessoas bem-resolvidas.
Aí...
O tempo passou.
A criança cresceu, e...
Transformou-se em...Thatá.
Tão diferente do planejado quanto possível."
Acredito que toda criança já passou por isso. Observou, analisou, e decidiu seguir o exemplo.
Meninos também passam por isso, eles querem imitar o estilo, o gingado, "a pegada", de algum outro cara...
Normal.
"I'm watching you!" |
O mais interessante de tudo isso é que, a gente cresce. E mesmo que mantenhamos uma imagem ou outra, de pessoas que admiramos, em nossa mente, quem se encarrega de nos moldar da forma que bem entende, é a vida. Aí muda tudo. Pelo menos concernente a estilo, vestimentas e etc...
Engraçado reparar em como a gente demora pra se dar conta, de que passou da hora de querer ser igualzinho fulano, e é hora de ser quem você realmente é, com todo o clichê que esta expressão carrega!
E...mais engraçado ainda, é perceber que, a partir de certo período, você se torna a moça andando pelo shopping, ou o moço que tem estilo...E quando menos espera, repara que tem algum "mini-ser humano" observando todo e qualquer movimento feito por ti.
Sinto esta estranha sensação, todas as vezes em que estou distraída em meus afazeres, e percebo que estou sendo encarada descaradamente, medida dos pés a cabeça...
Não sei como as pessoas se sentiam quando a criança a observar era eu.
Mas, devo confessar que para mim, ser analisada por uma criança, é uma das situações mais embaraçosas que um adulto pode enfrentar.
Rola aquele pensamento: "E agora, cara, o que faço? Sorrio? Aceno? O que será que ela está pensando de mim?"
Será que só eu tenho esta reação?
Não sei.
Mas penso sim, que tipo de influência tenho sido para meninas ao meu redor...
E, mesmo enfrentando o constrangimento de cumprimentar uma dessas crianças e sendo completamente ignorada, (acredite, acontece sempre!) gosto da ideia de que talvez um dia, alguém chegue em mim e diga:
"Eu te vi fazendo isso e me espelhei"
Acho legal, preocupar-se com o exemplo que você transmite à sociedade, mas imagine a oportunidade de perpetuar uma boa ação, na mente de uma criança?
Sensacional, não?
Não preciso esperar para ter meus próprios filhos, me contento em começar agora.
E se ninguém quiser seguir meu modo de se vestir, ou o modo como arrumo os cabelos e coisa e tal...
Quero que se lembrem de mim, pela educação que um dia tive o cuidado de demonstrar...
Por que não?
Eis aí, um legado rico.
Beijos,
Thatá.
(que vos relata!)
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