quarta-feira, 11 de março de 2015

Relato Sobre Cabelo (o meu e o seu, ok talvez só o meu)

Este não é um blog sobre cabelo.
Na verdade, este blog tem sido sobre "nada" já que faz milênios que não posto por aqui, mas acontece que por ser RELATO ALEATÓRIO eu decido sobre o que postar.
Então, se você é esperto (a) já entendeu que vou falar de...Cabelo!
Parabéns.

Eis a questão, em 2013 escrevi um post sobre toda essa história de assumir cabelos crespos/ aderir ao cabelo natural e o uso de alisantes no geral, e expus a opinião de umas amigas e a minha também. Mantenho o mesmo pensamento, já deixo bem claro.
Mas, após uma vida inteira de alisamentos constantes, chapinha e coisa e tal, eu enjoei.
Sim, enjoei.
Eu podia mentir e dizer que fiz por aceitação, ou fiz pela questão da raça, ou fiz por revolta, ou fiz porque sou militante da causa dos cabelos naturais a todo custo, provavelmente você gostaria mais de mim se assim o fizesse, mas prefiro não mentir pra conquistar.
Minha vida era gastar duas horas fazendo chapinha com muito amor (juro!) em meu micro cabelo que nunca crescia devido ao excesso de choques físicos e químicos. Eram duas horas MESMO. Pergunte a minha mãe, Dona Rosa não mente.

30 Julho de 2014.
Após dois meses sem relaxar a raiz aguardando a recuperação do meu cabelo, simplesmente acordo uma manhã, olho para os lados. 
Estou sozinha. Sento no sofá. Passo a mão nos cabelos.
Levanto. Vou até o quarto. 
Pego a tesoura.
E corto a primeira mecha, deixando um mísero dedinho de raiz crespa, e arrancando todo o pseudo-liso. E como cortei uma mecha bem na frente, não dá mais pra parar.
Continuo.
E pronto. Big chop!
E logo eu, que disse que provavelmente deixar o cabelo natural comigo nunca aconteceria. 
Pois é, a gente muda.
Fiquei olhando para o espelho tentando digerir o choque que causou em mim, e o choque que causaria nas pessoas, principalmente meus pais.
Já tinha cortado meu cabelo várias vezes por conta própria, em vários estilos diferentes, mas essa radicalidade era outro nível, passando dos limites.
E agora?
Agora, já era amiga. Deal with it.
E é engraçado perceber como o cabelo muda a gente radicalmente né? 
E é mil vezes mais divertido ainda observar a reação das pessoas!
Antes e depois (após meu big chop caseiro)
Não vou mentir e dizer que me senti linda, logo de cara. Não me senti.
Me sentia careca, estranha, testuda.
Mas ao mesmo tempo, me sentia ousada, autêntica, livre. 
Muito clichê dizer que me senti livre, mas...Me senti livre. Livre mesmo. Tipo leve, sem muitas obrigações com meu cabelo.
*(É claro que depois que você se compromete a cuidar dá trabalho, mas um trabalho menor, mais prazeroso.)
E aí então surgiram os zilhões de comentários e perguntas...Por que fiz, por que agora, por que fiz sozinha, por que raios cortei tudo, por que não esperei.
E em compensação surgiram muitas outras pessoas que admiraram a coragem, e me chamavam de "doida-no-bom-sentido", então com o tempo minhas respostas se tornaram mais naturais, e soavam menos como justificativa, e mais como palavras de uma pessoa confiante.
Sim.
Cortar o cabelo significou um MARCO em minha vida.
Sério.
Meu cabelo mudou, e eu mudei com ele.

Sinto-me mais espontânea, mais divertida, mais corajosa, mais segura.
Aí você me pergunta: "O cabelo quem fez isso?"
Eu te respondo que não. O que me tornou destemida foi o gesto em si, que me obrigou a afastar a insegurança e olhar todo mundo nos olhos enquanto me inquiriam.

Meus vários cabelos só em 2014. Como dá pra perceber, eu enjoo fácil.
Não sei por qual motivo você acha que deve aderir aos seus cabelos naturais, se for uma questão de honrar a raça, se for uma questão de parar com a agressão ao cabelo...Independente, faça porque VOCÊ QUER.
Porque boa parte das pessoas que defendem a ideia do cabelo natural querem te fazer acreditar que é uma obrigação sua, enquanto pessoa negra ou não.
Não é obrigação alguma.
Você pode escolher em qual contexto quer inserir tua história, você quer ser conhecido como uma pessoa facilmente influenciável, ou como uma pessoa original? 
Quem decide é você.
Assumir a naturalidade dos meus cabelos me mostrou coisas que eu não via, me ensinou a ver a beleza que Deus me deu (na medida do possível), me ensinou a ver que Ele cria as coisas de um jeito lindo, e você adorna ou não da maneira que achar melhor.
Hoje eu entendo que o "pseudo-liso" não valoriza tanto meus traços quanto meu cabelo bem crespo, bem enjubado!
Março 2015

Até luzes eu tive coragem de fazer! 

Independente do rumo que você der a tuas decisões, não esqueça de valorizar e conhecer aquilo que te pertence e que te faz ser você.
Aaaand, mais um monte de clichê verdadeiro pra tu, não se obrigue a nada que te faça se amar menos. deu pra entender? 
Porque o importante no final é a nossa felicidade.

Pois bem,
Eu só queria compartilhar essa história.

Beijos,
Thatá.


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