Relato Sobre Estela e o Sono, Que Veio a Cavalo.

Ontem antes do "cochilinho" vespertino, comecei a desejar que o sono viesse, em voz alta. Algo do tipo: "Soninho seu lindo, cadê tu? Já fazem 5 minutos que estou lhe esperando..." (neste momento papai questiona minha sanidade, mas enfim...!)
Lembrei-me então de alguns anos atrás quando meu pai ia trabalhar à noite.
Mamãe fazia com que dormíssemos todas na mesma cama, eu, as gêmeas e ela.
Porém antes de todo mundo realmente dormir, rolava aquele momento de contar estórias. Nada de Cinderela, ou Rapunzel ou Chapeuzinho Vermelho, nós tínhamos uma personagem própria: a Estela!
E meu, não sei, talvez pelo fato de ser criança, sempre achei que a Estela protagonizou as melhores cenas de toda e qualquer história jamais contada!
De alguma forma ela liderava todas as crianças da rua e sempre havia uma bicicleta, uma ladeira e a correria envolvidas nos contos, e mamãe não usava a palavra "correria" ela dizia: "Daí a Estela saiu ladeira abaixo com os pés batendo na bunda, tamanha a velocidade!" Nessa hora nós íamos ao delírio não importava quantas vezes ela tivesse que "ir ladeira abaixo com os pés batendo na bunda!" HAHAHAHA!
A estória toda era cheia de ONOMATOPEIAS, do tipo: "Caplu, capluc, capluc...!" (som da Estela correndo!)
Mamãe é a RAINHA DAS ONOMATOPEIAS. E nós puxamos isso dela! Eu e as Gêmeas!
Tanto é, que hoje em dia quem vier conversar conosco, não entende nada, porque a gente não termina as frases e se comunica por 'sonszinhos onomatopeicos'! HAHAHA...
Anyway...
Depois então da estorinha, se ainda estivéssemos acordadas, mamãe então começava a contar o trajeto do Sono, montado em seu cavalo vindo em nossa direção...! Não sei o motivo, mas sempre imaginei que o Sr. Sono era um sapo, montado no cavalo! UHAUHAUHAUHAUHUHA! E por incrível que pareça antes de ir dormir até hoje, eu o imagino calmamente, vencendo as tempestades, barreiras, montanhas íngremes e afins tudo para me proporcionar um momento delicioso repouso!
Acho que foi por isso que desejei que o Sono viesse em alta voz, como se ele pudesse me ouvir! Hehehe!
Aaaah sim, papai também contava suas histórias, mas aquelas da Bahia que sempre tinha alguém encontrando um Lobisomem ou o Saci, ou a Mula Sem-Cabeça, nunca ri dessas! O medo me paralisava! UHAHUAHUAUHAUH!
Enfim...
Eu desenvolvi essa habilidade de criar estórias na mente, cheias de detalhes, cheias de reviravoltas, cheias de finais felizes, geralmente eu as crio só de olhar pra cara de alguém, é pá-pum! Quando menos se espera, já tenho a "história de vida" completa salva em minha memória, o que na verdade nunca se encaixa com a vida real, e de qualquer forma sempre acredito que minhas versões são melhores, todo mundo preferiria! Certeza. Hahahaha...!
Em tudo isso, paro e penso que devo agradecer demais aos Velhinhos, pelo simples fato de investirem seus tempos estimulando nossa criatividade, porque atualmente isso é CONSIDERAVELMENTE raro.
Os pais não têm mais esta paciência, e muito menos o tempo. Dizem.
E aí essas crianças crescem, achando que ser criativo é, saber usar o Photoshop. Com a imaginação travada ao ponto de não conseguirem escrever uma Redação Escolar sequer...!
A partir desta conclusão coloquei em meu pensamento que, se for pra ter um filho(a) que seja, quero ter este cuidado de gastar alguns minutos do dia contando histórias, e dizendo pra eles que Imaginação é fundamental na construção de nossa felicidade.
Não aquele negócio de pensar positivo, mas sim ter a capacidade de se Imaginar em situações melhores e lutar pra que as coisas aconteçam.
Ter na mente Imaginação suficiente para acreditar que existem outras situações além da nossa rotina diária.

Porque de repente a gente descobre que o Sono vem a cavalo MESMO. (E talvez não se pareça em nada com um sapo, mas...)
Daí cabe a cada um determinar seu trajeto!
(eu sempre escolhos paisagens aconchegantes! hehehe!)
HAHA.

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Bom fim de semana!
Beijos,
Thatá!